Valentino na Harper's Bazaar de Setembro

valentino em dose dupla

Recém-comprada por grupo do Catar, a maison Valentino chega ao Brasil com estilo renovado pela dupla Maria Grazia Chiuri e Pier Paolo Piccioli  
POR Sylvain Justum

Poucas vezes a aquisição de uma grife de luxo por um grupo de investimento causou comoção semelhante à gerada pela venda da Valentino ao grupo Mayhoola for Investments, do Catar, no início de julho. Renzo Rosso, do grupo Only the Brave (Diesel), estava no páreo pela aquisição e chegou a apelar para o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, na tentativa de impedir que uma das marcas mais tradicionais da Itália fosse parar em mãos árabes. Miuccia Prada também se pronunciou, declarando ao jornal La Repubblica temer pelo futuro do status made in Italy. A Valentino já  vinha de uma transição, desde a aposentadoria de seu fundador, em 2008, ano em que Alessandra Facchinetti (ex-Gucci) assumiu o estilo. Duas temporadas depois, chegava a vez da dupla Maria Grazia Chiuri e Pier Paolo Piccioli receber o bastão. Nesse novo cenário, dúvidas sobre a perda ou não da forte identidade, construída ao longo de 52 anos de existência, serviram de combustível para discussões em torno do negócio catari – avaliado em US$ 860 milhões. Felizmente, a nuvem apenas escondia o céu de brigadeiro em que se encontra a grife, lucrativa novamente, após sofrer abalos com a crise europeia, em 2009. É renovada, com sangue jovem na criação e dinheiro no bolso, que a Valentino estreia no Brasil. A primeira loja abre este mês, na nova ala do shopping Cidade Jardim, em São Paulo, com a coleção de inverno 2013.

A identidade valentinesca, ainda que lapidada, está mantida. Com dez anos de casa, oito deles vividos ao lado do sr. Garavani, para quem produziam acessórios, Chiuri e Piccioli conhecem bem os códigos ali presentes. Alfaiataria impecável, rendas, laços e, claro, o vermelho estão lá, agora com olhar mais cool e low-profile, jovem, mesmo. Contraste que começa no estilo pessoal das duas gerações de criadores.

Enquanto Valentino, o designer, dificilmente era visto sem costume e gravata, a dupla romana faz o estilo rocker. Sempre de preto, abusam de calças skinny, tênis e cabelos de corte moderno. Valentino tinha como companheiro um cãozinho pug, Chiuri e Piccioli são casados e têm filhos. Não entre si, apesar de trabalharem em dupla há 20 anos – começaram juntos desenhando bolsas na Fendi por uma década, antes de aceitar o convite de Valentino, de quem eram fãs. No dia a dia, apesar da azeitada parceria, eles mantêm certos pontos de vista distintos. “Mas não separamos funções. Gostamos de juntar nossos olhares para criar uma terceira visão, mais interessante e complexa”, explica Piccioli à Harper’s Bazaar. O resultado visto nas passarelas é fresco e romântico, parece feito para uma nova clientela, filha da anterior, talvez. Sobre a coleção de inverno 2013, Chiuri conta que “a intenção foi definir um novo folk, não um em particular, mas uma miscelânea. Nosso conceito de estilo consiste em combinar elementos contrastantes, obtendo o equilíbrio que dá o twist que queremos para as roupas”. Tudo sem perder o glamour de outrora.

Os vestidos da Valentino continuam sendo bem requisitados pelas celebs para desfilar pelos red carpets e comparecer a cerimônias importantes. Chloë Sevigny – que recebeu o Globo de Ouro vestindo um modelo lilás –, Freida Pinto e Dakota Fanning, todas da nova geração, recorreram à maison para brilhar.

Em eventos da própria marca, inclusive. Sim, pois, apesar de ter sido fundada em 1960, é em 2012 que estão acontecendo os festejos do 50º aniversário. Entre novas lojas abrindo e elogiadas coleções, uma exposição celebra, a partir de novembro, em Londres, a riquíssima trajetória escarlate. Salute! 

Divulgação Harper's Bazaar

Beijo,
Grasi