Prada ao avesso na Harper's Bazaar

PRADA AO AVESSO

Ao entrar finalmente com os dois pés no Brasil, a Prada revela, para Harper’s Bazaar, os bastidores da produção de suas peças desejo.

Por Pedro Diniz

P ara entender como uma marca prestes a completar 100 anos consegue, até hoje, ser sinônimo incontestável de moda e luxo e ter uma receita anual de quase 2,6 bilhões de euros é preciso, primeiro, entender sua essência – ou seja, o resumo de tudo que a torna um emblema. Como costumamos definir, “grife”. A Prada é uma grife. Se não a maior, sem dúvida uma das mais influentes do mundo. E a abertura da megaloja de 630 m² no shopping JK Iguatemi, em São Paulo, no mês passado, traduz bem essa ideia. Projetado pelo italiano Roberto Baciocchi, o ponto, segundo no Brasil (o primeiro é no shopping Cidade Jardim), terá todas as linhas da marca, que estarão aqui simultaneamente às lojas do hemisfério norte. Antes, porém, de estarem prontas para consumo nas vitrines, as peças são desenvolvidas, cuidadosamente, em onze pontos de manufatura, sendo dez deles na Itália, e diversos laboratórios de pesquisa e desenvolvimento. O backstage desse processo está nas fotos que você vê na matéria.

O sobrenome de Mario, avô de Miuccia, força motriz da antiga empresa milanesa de artigos para viagem fundada em 1913, ainda estampa as peças da Prada. No entanto, a lembrança não serve de desculpa para algum marasmo criativo. O cuidado com a manufatura é evidente, seja no curtume sem produtos químicos, permitindo um envelhecimento natural do couro, ou na riqueza de detalhes das peças. Mas é na reinvenção de sua história que a grife se destaca. Entre as viradas mais famosas de Miuccia está uma de 1978, quando começou a usar o tecido de náilon com trama tão fina que se compara à da seda – e que até hoje é marca registrada da grife. Foi o início da era dos tecidos tecnológicos na moda.

 N osso caminho não é depender apenas do artesanato, mas da habilidade de traduzir nosso trabalho em um nível industrial. Inovação envolve todo o processo de produção, e manter a expertise nisso é fundamental para preservar a qualidade e a identidade de nossos produtos”, explica Patrizio Bertelli, marido de Miuccia e administrador do grupo Prada – que engloba, além da marca-mãe, a jovem Miu Miu e as de acessórios Church’s e Car Shoe. Dentro dos ateliês da grife, salta aos olhos a força do nome que originou a expressão “pradismo”. Lá, jovens e idosos trabalham diariamente na execução de técnicas de manufatura, mantidas em segredo, e transformam cada produto em um objeto único. “Gosto de empregar pessoas mais velhas. Acredito que uma companhia precisa de um balanço entre juventude e maturidade. Pessoas jovens não são, necessariamente, a chave para inovação”, afirma Patrizio. 

Inovação que, ao contrário do que se possa imaginar, em se tratando de Miuccia Prada, uma das grandes lançadoras de tendências da moda, é amadurecida durante várias temporadas nos escritórios do número 21 da via Bergamo, em Milão, onde fica o headquarter da grife, até ganharem as ruas. “Na Prada, cada projeto é desenvolvido dependendo do trabalho que colocamos nele. Não sentamos à mesa e dizemos ‘agora iremos planejar o futuro’. Tudo aqui é construído degrau por degrau”.  

Divulgação Harper's Bazaar - edição de setembro 2012


beijo bom feriado,
Grasi